sábado, 2 de novembro de 2013

Doo, do, doo, do, doo, do, do, doo


Tento caminhar apenas deste lado,
finjo não ouvir nenhum chamado,
e procuro ficar, sempre do lado claro.
Estou tentando ficar, sempre do lado claro.

Eu sou cortes, procuro ser educado,
paro nos "Pares", sigo com cuidado
e procuro ficar, sempre do lado claro.
Eu procuro ficar, sempre do lado claro.

Penso que é assim que deveria viver prá sempre
e acho que é assim que você gostaria de viver prá sempre,
mas me vem a sensação de algo errado,
não sei se pode haver algum culpado.
Eu tento ficar, sempre do lado claro
e eu hei de ficar, sempre do lado claro.

Há dias que eu fico sufocado, um outro eu me traveste, me sinto inadequado
e é mais difícil ficar, sempre do lado claro,
é bem difícil ficar, sempre do lado claro.

Nesta canção faço de conta que nada me magoa
a seus ouvidos, te convenço que nossa vida boa:
Fazemos bem de ficar, sempre do lado claro,
mas não suporto ficar, sempre do lado claro.




terça-feira, 27 de agosto de 2013

Paradeiro


Há sempre uma enorme ambiguidade sobre-nadando minhas certezas.
No fundo parece que nada que penso, que vejo ou sinto, é uno.
E é a resignação quem embaça, vagarosamente, o brilho dos sonhos sobreviventes - ainda entremeados às duvidas.
É a resignação quem macera-os em meio a rotina.
É a resignação quem lhes desbota
e quem lhes lava,
pois hão de serem sujos.

"Haverá paradeiro
Para o nosso desejo
Dentro ou fora de um vício?

Uns preferem dinheiro
Outros querem um passeio
Perto do precipício."

sábado, 24 de agosto de 2013

Ora, pílulas


raso, o copo
esqueço a sede
benção ou maldição?

domingo, 4 de agosto de 2013

Segunda-feira


O corpo acusa pequenos abusos.
Ainda distantes, as primeiras notas da segunda-feira já soam dissonantes,
raso contraste com um final de semana util,
de boa praticidade mas pouca intensidade.
Ganham forma os projetos que, certamente, serão abandonados na manhã seguinte,
assim que a roda da rotina for ganhando velocidade,
veracidade
voracidade.

"Eu penso em vocês night & day,
explica que tá tudo ok.
Eu tenho tesão é no mar,
assim que o inverno passar"

terça-feira, 16 de julho de 2013

Hora


As horas saltam de relógios cardíacos que tic-taqueiam, nem sempre compassados, e não percebem-nas fugindo pelas veias.
Furtivas, as horas, saqueiam a gana não fundamentada.
As horas vertem, como a umidade intensa de uma parede mal tratada, escorrem emboloradas pelo chão trazendo consigo a tinta, restos de massa e tudo que não é, de fato, “parede”.
São operárias-horas que vivemos, são simbólicos-anos o que contamos, assim seja.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

N ã


E nela, por mais que eu tentasse me habituar, havia um defeito que me deixava desconcertado: Sua beleza lhe conferia feições simples e delicadas porém era muito mais pesada do que o que ela conseguia carregar e a fez sua refém.
Seu olhar terno e seu sorriso franco: duras armadilhas.
Ela é dessas pessoas que definem o ambiente: quando está bem cria o paraíso e, quando não, faz-se as trevas.
Não estende a si, o mesmo rigor com o qual julga aos outros
Impõe-se descuidadamente restrições, regras, ordenação para as coisas; teme o inesperado.
Precisa de movimento, gosta de liberdade. Não sabe negociar. Se apertada, foge da raia. Inteligente. Ótima companhia.
Às vezes dá um medo enorme quando vem a sensação de que só há ela dentro de seu coração.
Cobra muito bem, manda com firmeza, obedece com dificuldade. Surpreende-se, não conhece bem quem a cerca.
É "viva", mas tem preguiça.
AMA animais.
Não discute suas rigidezes. Ouve mal.
Fascina a quem se aproxima. Lida muito melhor com superficialidades do que com profundidades.
Da mãe puxou o brilho, o bom gosto, a sensibilidade seletiva, os segredos da boa combinação, o português preciso e a organização (quando quer); do pai, o orgulho, os olhos e uma leve irresponsabilidade perante a vida; construiu-se com o amparo do irmão. Tem neles seu castelo, seu porto seguro mas comporta-se como se não precisasse de ninguém - precisa, e nem sempre se lembra disso.
Mente, às vezes

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Coragem


Coragem é bicho arredio que se retrai, não algumas, mas muitas vezes.
Ela que nos protege a esperança.
Ela quem nos guarda o coração.
Ela quem nos conduz nesse mundo de amigos cada vez mais passivos e inimigos cada vez mais ativos.
Não se engane, não existe a sua antítese.
Alguns chamam a sua retração de covardia, mas esta não existe é só um momento onde aquela está retomando fôlego e ela vai se curar.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

infinitude


Há um lado do "até quando" que me conforta:
nossa capacidade de repetir erros e acertos,
com uma fé tamanha, que acabamos surpreendidos
ao constatar que pouca coisa muda,
mas seguimos na roda, a repetir erros e acertos.

Há, na forma como vemos a vida, uma infinitude irreal,
uma irresponsabilidade perante nós mesmos.

Há um "porque" despercebido, subjugado;

Há um "pra onde" desorientado;

Há um "até quando" extemporâneo;

Mas, felizmente, há um "com quem"
que empresta sentido a todo o resto,
que faz doce,
que faz reto,
que faz direto.

Ah! Esse modo mágico, provisório e delicado
que a vida tem de passar por nós
como se nos levasse junto...
mas ficamos.