segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Sampa


Somos uns filhos da puta do caralho e não tem merda nenhuma que possamos fazer a não ser se apinhar em esquinas, pontos de ônibus, portas de lotérica, restaurantes por quilo.
Farmácias.
Só entupido de remédios prá suportar a agonia de viver com você.
Lhe odeio em cada farol quebrado que passo, em cada buraco que caio, em cada poça de água podre que me espirra no pé.
Toda essa porra me enoja, essa sujeira que fica por teu rastro, esse mal cheiro, essa fumaça, essa mentira.
Você é escombro e seus prédio pútridos lhe mostram a ironia em seus espelhos: somos todos iguais nesta noite!
É sempre noite em seu seio, é sempre feia sua noite.
Não há prazer em suas curvas, sua chuva turva encharca de tristeza nossas almas órfãs.
E é aqui, do cu do mundo onde eu moro, onde a água desacostumou a chegar nos canos, onde canos quentes botam prá foder, que choro, vez por outra, ao ver suas luzes como estrelas piscantes prometendo um amanhã melhor.
O quão melhor é ter um amanhã?
Sei que nem a bala que vara minha janela me acha, se há algo de bom nisso tudo, é que você me livrou do medo que eu sentia a cada zunido ou grito.
Alargo o passo sobre o presunto dos pés juntos, não me interessa saber quem era.

Há Deus?!?

Só para os seus!

PS: esta é uma obra de ficção. Amo SP!

sábado, 23 de janeiro de 2016